28/03/2007
Jovens da Rocinha trocam fantasia por uniforme
São Paulo, 28 de março - A quadra da Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha é invadida por um novo tipo de componente: jovens da própria Rocinha e de outras comunidades próximas trocam a fantasia por uniformes para entrar em sala de aula. São as alas dos inscritos nas oficinas do projeto Qualificar - Núcleo de Responsabilidade Social da Escola.
Em abril, começa mais uma rodada da oficina de música de percussão, que dura seis meses. Enquanto isso, uma turma continua em sala, desde setembro, na oficina de brinquedos artesanais - curso que tem a duração de um ano. As oficinas são interrompidas apenas duas semanas antes do carnaval, para permitir os ajustes finais para o desfile.
O projeto Qualificar nasceu do encontro entre a direção da Escola, presidida pelo empresário Maurício Mattos, e um grupo de funcionários da Social Capital Group do Brasil, empresa de consultoria na área de responsabilidade social empresarial, que desfilou na Acadêmicos da Rocinha, em 2004.
Num segundo momento - provavelmente a partir de 2008 -, serão incluídas atividades esportivas ao ar livre (ligados à praia) e de quadra.
Com os projetos prontos, no final de 2004, a Escola obteve a certificação do Governo do Estado do Rio, via Lei do ICMS, que incentiva patrocínios de natureza sociocomunitária e cultural. E, ao longo de 2005, as pessoas envolvidas no projeto correram atrás de patrocinadores. As primeiras empresas aderirem o projeto foram o Ponto Frio, que ficou com a oficina de música de percussão; a Petrobras, com a oficina de brinquedos artesanais e marcenaria e a Pernod Ricard, com a de cenografia. Segundo Nascimento, estão em fase de conclusão as negociações com outras empresas, que deverão patrocinar a oficina de figurinos e o Espaço de Cultura Digital. Nascimento acredita que em breve deverão estar sendo atendidos em torno de 1,5 mil jovens, por ano.
"Os patrocinadores bancam todas as despesas dos alunos, incluindo uniforme, material didático, ferramentas de trabalho, além de lanche e uma bolsa-auxílio de R$ 60,00 para cada um", explica Nascimento. O custo total de cada oficina, calcula ele, deve ficar em torno de R$ 270 mil, por exercício.
Os alunos têm que ter 14 anos ou mais (não há limite superior) e precisam estar cursando, ou já ter concluído, o ensino fundamental. Reportagem publicada no Valor Econômico, 23/3/2007