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28/11/2007

Samba no pé e na cabeça

São Paulo, 28 de novembro - Comemoração baiana do dia do ritmo amplia sua programação e inclui mesas de debate. Pela primeira vez a roda do Dia do Samba não será apenas feita por artistas. Os sambistas vão se juntar a professores, pesquisadores e estudiosos do estilo musical que representa melhor o Brasil para discutir suas origens e futuro. O Ciclo de Debates Samba - Tradição e Modernidade começou na segunda-feira e vai até sexta-feira, sempre às 17h, no Salão dos Espelhos do Palácio Rio Branco (Praça Municipal). No fim de semana, o ritmo desce do salão e vai para a calçada em frente. Para os shows, estão confirmados nomes de peso nacional como Dona Ivone Lara, o ministro da Cultura Gilberto Gil, Nei Lopes, Luiz Melodia, Neguinho da Beija-Flor e Wilson das Neves, entre outros, e representantes baianos de diferentes gerações: Mariene de Castro, Paulinho Boca de Cantor, Gerônimo, Roberto Mendes, Vevé Calasans, Clarindo Silva, Bule-Bule, além, claro, dos bambas Nelson Rufino, Walter Queiroz e Edil Pacheco (leia boxe com programação). A entrada para os eventos é gratuita. A discussão acadêmica antecede as festividades musicais. De acordo com Edil Pacheco, é preciso "discutir a origem, a modernidade, o papel no contexto da música brasileira e dar mais amplitude ao Dia do Samba". Para contar com uma "melhor estrutura", o sambista firmou parceiria com a Ufba, por meio da tevê da universidade, coordenada pelo diretor teatral e produtor cultural Paulo Dourado. "A gente vai ter uma mesa eclética para discutir com escolas normais, escolas de samba, afro, do candomblé. É preciso que se mostre também a história e as perspectivas do samba em um lado acadêmico", afirma Dourado, diretor de produção do evento. Uma das mesas-redondas, por exemplo, vai adicionar um ingrediente mais polêmico ao debate sobre a origem do samba, se carioca ou baiana. O jornalista e pesquisador gaúcho Fabio Gomes levanta a possibilidade do ritmo ter berço indígena e afirma seu nascimento com a tribo dos kiriris, que utilizavam uma configuração de festa - em roda, com solista e refrão fixo - e instrumentos, presenteados pelos portugueses, já parecidos com o samba. "O primeiro registro da palavra samba é em uma gramática portuguesa de 1699, como sinônimo de cágado. O termo vem de sambahó, que era festa onde os kiriris comiam o cágado e bebiam, enquanto cantavam e dançavam músicas ao som de instrumentos como viola, pandeiro, flauta, tamborim e maracá", conta o pesquisador por telefone. Durante a festa, a TV Ufba pretende gravar um documentário sobre o Dia do Samba na Bahia. A equipe já havia produzido um DVD semelhante em 2005. A intenção é registrar o samba como história e mostrá-lo como símbolo cultural da identidade brasileira. "Precisamos valorizar os aspectos culturais e antropológicos do samba. Ele narra a história dos escravos, do país. O samba é testemunha da diáspora africana para o Brasil", declara Dourado. Depois de pronto, o DVD do documentário será distribuído gratuitamente para escolas e entidades culturais.