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27/08/2008

SPTuris e a crise

São Paulo, 27 de Agosto de 2008 - As escolas de samba que compõem o Grupo Especial e o Grupo de Acesso receberam na segunda-feira (26/08) a primeira parcela dos recursos que financiarão os desfiles do Carnaval 2009, após assinarem contrato de prestação de serviços com a São Paulo Turismo S.A., a SPTuris. Ao todo serão seis parcelas até a data do desfile. Em entrevista exclusiva ao site Só Samba, o presidente da SPTuris, Caio Luiz de Carvalho (em foto de Wanderlei Celestino) diz que nunca na história do Carnaval paulistano se antecipou tanto a liberação de recursos para as escolas (13 agremiações da Liga e 9 da Superliga). Apenas a União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP), que representa 57 agremiações dos grupos I, II, III e blocos e grupo de acesso às escolas ainda não assinou com a empresa. Caio Luiz de Carvalho comenta ainda que a atitude da SPTuris, durante a crise que ocorreu entre entidades representativas das escolas de São Paulo, foi a de "manter o diálogo e a busca do entendimento", com o objetivo de promover o Carnaval paulistano. A seguir os principais trechos da entrevista concedida por Caio Luiz de Carvalho. Só Samba - As escolas de samba do Grupo Especial e do Grupo de Acesso assinaram finalmente o contrato para a realização do Carnaval de 2009? Caio Luiz de Carvalho - Sim, as escolas de samba em condições de assinar o contrato não só já o fizeram como também já receberam a primeira parcela do repasse. SoS - O que foi resolvido e como chegaram ao acordo (acordo só para fazer o sorteio)? CLC - Não temos a informação sobre acordo ou acordos realizados entre as escolas; o que temos de concreto é o contrato que determina quais são as regras de participação no Carnaval Paulistano de 2009. SoS - Houve mudanças significativas de datas dos desfiles? Há mudança nos critérios de escolha das agremiações participantes dos desfiles? CLC - Não. SoS - A divisão entre as escolas ainda existirá ou não após o sorteio para o Carnaval 2009? CLC - Não podemos confundir "vida e opção associativa" com "carnaval". As escolas são contratadas para a realização do desfile e participação em um concurso. SoS - Como é a mecânica de assinatura do contrato, quem responde pelas agremiações? CLC - As escolas de samba dos grupos Especial e de Acesso (Sambódromo) devem apresentar a documentação que comprove sua regularidade e ausência de débitos fiscais e/ou tributários. Feito isso podem assinar o contrato. Já com a União das Escolas de Samba Paulistanas, que responde por três grupos de escolas e dois de blocos, além do grupo de acesso (vaga aberta) o contrato ainda não foi assinado, o que esperamos que aconteça o mais rápido possível. A minuta está pronta desde 21 de agosto. A ABBC (Pholia no Memorial) já assinou o contrato; e a Abasp (bandas) deve fazê-lo até o início de setembro. SoS - Quando serão liberados os recursos para as escolas e em quantas parcelas? CLC - No caso das escolas de samba serão seis parcelas, sendo que a primeira já foi paga em 26 de agosto, para as que apresentaram a documentação exigida. Gostaríamos muito de já ter feito pagamento também para as escolas e blocos que integram a UESP, mas como dito acima, ainda não assinamos o contrato. SoS - Em que pé estão as entidades representativas das escolas, do ponto de vista de negociação com a SPTuris? CLC - A São Paulo Turismo tem conseguido manter uma relação de alto nível com as entidades e escolas de samba. Com a UESP, para dar um exemplo, a primeira reunião de planejamento aconteceu em 27 de março; o mesmo se deu com as escolas de samba dos grupos Especial e de Acesso que se apresentam no sambódromo. Importante ressaltar: o contrato de Carnaval nunca foi assinado com tanta antecedência. SoS - A divisão ocorrida no Carnaval Paulistano provocou um atraso na definição do desfile do próximo ano? Como a SP Turismo enfrentou essa situação? CLC - E importante separar as atribuições quando se fala de "definição de desfile". De parte da São Paulo Turismo e Prefeitura, reforçamos: o contrato nunca foi assinado com tanta antecedência, o que dá uma tranqüilidade enorme para as escolas de samba. A postura da São Paulo Turismo foi a única possível: preservação do espetáculo e da importância cultural do Carnaval. Já outras questões, como ordem de desfile, início das vendas de ingressos etc, que também afetam o evento, são de responsabilidade das escolas e entidades, tendo a São Paulo Turismo um acompanhamento para a preservação das partes e conseqüente prestação de contas. SoS - Por que o Sr. acha que aconteceu essa divisão? CLC - Divisões são normais em empresas, famílias e entidades de qualquer tipo. É da natureza humana a associação e a reavaliações de suas posições. SoS - Até quando vai o contrato com a Globo? CLC - O contrato foi assinado entre a emissora e as agremiações. SoS - Qual foi o papel da SPTuris durante a crise, que durou cerca de 4 meses? CLC - O de manter o diálogo e a busca do entendimento, visando sempre a preservação do carnaval, manifestação cultural das mais importantes e construída com muito trabalho, paixão e dedicação por gerações passadas. SoS - Quem perdeu e quem ganhou com a divisão e o acordo? CLC - Não houve perda. SoS - Há prejuízos irreparáveis para o Carnaval de 2009? CLC - Não. SoS - Quais são os avanços promovidos pela SPTuris para o Carnaval de 2009. A área de dispersão foi ou será ampliada até o evento? CLC - Até o momento, o maior avanço foi a assinatura do contrato com antecedência inédita. Isso dá segurança e permite um planejamento mais cuidadoso por parte das escolas de samba e blocos. Com relação a realização de obras temos um cronograma que, agora, com o contrato assinado passaremos a avaliar juntamente com as escolas. No caso da dispersão, é nossa intenção e da Prefeitura fazer a ampliação, como já anunciado, porém não podemos garantir que já seja para o Carnaval de 2009. SoS - Qual a sua expectativa para a realização do Carnaval de 2009 como um todo? CLC - Temos as melhores expectativas com relação ao Carnaval de 2009. No ano passado assinamos o contrato em novembro e as escolas fizeram um belíssimo espetáculo. Este ano, com a antecipação em três meses, acreditamos que o espetáculo será ainda maior e melhor. SoS - Qual a importância do Carnaval de rua das pequenas escolas e dos blocos do ponto de vista do espetáculo cultural para a população e para o Turismo? CLC - Para o turista clássico, de lazer, o carnaval de bairros ainda não tem o apelo necessário. Porém, estas escolas e blocos têm uma importância fundamental para o lazer dos moradores, além de ser a base para a manutenção desta importante manifestação cultural. E é por isso que a Prefeitura, por meio da São Paulo Turismo, investe R$ 5 milhões neste Carnaval. Nos últimos anos investimos em pontos considerados fundamentais para o bom atendimento do público, como iluminação e sonorização. Falta, contudo, uma visão mais arrojada para estes eventos. SoS - O Carnaval Paulistano está melhor? Está maior? Pode ser considerado um grande evento do ponto de vista do Turismo? CLC - O carnaval sem dúvida está melhor e está maior do ponto de vista da atração qualitativa de pessoas e eventualmente de investidores. Como evento de apelo turístico, contudo, devido à própria limitação física do equipamento (sambódromo) não é dos maiores; sua importância está, contudo, na projeção da imagem da nossa cidade, que vai para o mundo todo. SoS - O que São Paulo pode oferecer durante o Carnaval para os turistas? CLC - Tudo o que oferece o ano todo e ainda um belíssimo Carnaval. SoS - A SPTuris esteve presente nas grandes realizações culturais em São Paulo, durante toda a sua gestão. Qual o balanço para a cultura e para o turismo que o Sr. faz? CLC - Como sempre repetimos, "cultura é a nossa praia". A São Paulo Turismo tem uma ligação intrínseca com tudo o que acontece pois somos, ao mesmo tempo, a secretaria de turismo, a empresa de eventos e administramos o Complexo de Eventos do Parque Anhembi. Além disso, especificamente com relação a Cultura houve uma gestão bastante rica por parte do secretário Calil; o exemplo mais rico é a Virada Cultural, que leva para as ruas do nosso centro milhões de pessoas que dançam, cantam e participam de um número incrível de atividades. SoS - Qual o futuro do turismo como um todo e do turismo cultural em São Paulo? Em que ponto entram as atrações que dizem respeito ao samba, tanto shows, como espetáculos de escolas de samba? CLC - Desde 2005 temos trabalhado, com as escolas que querem, com o objetivo da transformação de cada quadra em uma casa de espetáculos. E é isso mesmo que elas são. Além disso, todos os nossos eventos têm a participação do samba. Fizemos quatro edições do São Paulo Me Destino, evento que traz para a cidade centenas de profissionais de turismo e em todas elas a grande festa foi em uma quadra de escola de samba. Integramos ainda, junto com o SEBRAE-SP o projeto SPSamba e chegamos a emprestar, por dois anos, uma sala para que este grupo de escolas reunido pelo SEBRAE-SP pudesse desenvolver seus trabalhos de organização do turismos receptivo dentro das escolas de samba. Levamos para as quadras agências de receptivo e fomentamos a criação de diversos projetos, sendo um específico para a comunidade japonesa, visando o Centenário da Imigração. Ou seja: o samba de modo geral e as escolas de maneira mais específica permeou todas as nossas ações de promoção da cidade. As que souberam aproveitar e optaram por arregaçar as mangas e trabalhar estão colhendo frutos. A Prefeitura tem adotado uma postura de transparência, compreensão e busca de soluções que atendam à cidade. No ano passado foi criado um grupo de trabalho para estudar a questão do uso das áreas, este ano já foram publicados decretos que começam a dar as normas, foi lançado o projeto Fábricas de Sonhos. Ou seja, nunca uma administração fez tanto pelas escolas de samba. O futuro é promissor. Um resumo rápido do que teremos pela frente: No campo dos grandes eventos, Fórmula 1, garantida na cidade até 2015, Mundial de Moto-velocidade, Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo em 2014; fora isso, 75% das grandes feiras comerciais acontecem em SP; teremos a ampliação do Parque Anhembi, a construção do Expo São Paulo em Pirituba. Como se vê quem começar a trabalhar agora terá um bom futuro pela frente.