- domingo, 24 de novembro de 2024
São Paulo, 06 de Abril de 2010 – O Carnaval de São Paulo tem de avançar. O mais importante é que as escolas de samba e as entidades que as representam, principalmente Liga e Super Liga, sejam mais ágeis nas suas propostas e consigam fechar acordos antecipadamente, para que o Carnaval possa ser vendido como bom produto de turismo. A constatação é de Luiz Sales (em foto de Caio Pimenta), diretor de Turismo e Entretenimento da São Paulo Turismo S.A. (SPTuris), em entrevista ao Só Samba.
Segundo ele, a Prefeitura, por meio da SPTuris, avança nas reformas do Sambódromo, na formulação dos pacotes de turismo e na consolidação do projeto Fábrica dos Sonhos, um espaço que será destinado para as escolas de samba construírem suas alegorias e treinar mão-de-obra para o setor. Essas ações poderão trazer bons resultados para as escolas, diz.
Para ele, “2010 foi um ano por demais trabalhoso, por conta de problemas como a manutenção de duas entidades no Carnaval do Sambódromo (Liga e Super Liga), demora na assinatura do contrato de repasse (por conta na queda da arrecadação do município) e indefinições fundamentais para o concurso, como o caso dos jurados”.
O Carnaval está dentro de uma série de outras atribuições e eventos da SPTuris. Em 2010 foram investidos no Carnaval R$ 22 milhões em recursos públicos. A SPTuris ainda faz o balanço de público e de resultados obtidos em 2010.
Leia a íntegra da entrevista:
Só Samba - Qual a nova estrutura do turismo na cidade?
Luiz Sales: Na verdade não há uma nova estrutura, mas sim uma adaptação da estrutura atual às demandas já previstas dos grandes eventos, com destaque natural para a preparação de São Paulo para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 e os jogos Olímpicos, que terão na capital as etapas de futebol masculino e feminino.
Só Samba - Quais os motivos das mudanças feitas – como o setor público vai trabalhar com essas novas propostas?
Luiz Sales: Um caminho natural. Há alguns anos o governo do Estado estudava uma forma de tornas mais ágil a sua atuação nos segmentos de Turismo e Eventos. O sucesso da SPTuris, no âmbito do Governo municipal, demonstrou se este um caminho viável. Na empresa estadual temos duas ex-diretoras da SPTuris: Luciane Leite, que será a presidente, e Raquel Verdenacci que será a diretora de eventos. Além disso, há funcionárias da SPTuris que irão para a CPTur. Ou seja: teremos um trabalho bastante integrado.
Só Samba - Quais as novas atribuições de cada área. O Setor de Turismo e Entretenimento responderá pelo quê? Qual a sua estrutura?
Luiz Sales: Turismo e Entretenimento continua com suas atribuições iniciais: estrutura o turismo da cidade de São Paulo e fazer o papel de promoção e divulgação de São Paulo como destino. A estrutura, funcional, é composta por duas gerências, cinco coordenadores e uma divisão de pesquisa.
Só Samba: Quais foram os resultados obtidos em 2009, por segmento?
Luiz Sales: A cidade recebeu 11,3 milhões de turistas, um novo recorde, aumentou a arrecadação de impostos, fez a captação de eventos importantes , como o congresso mundial do Rotary de 2015 e segue firme na consolidação de SP como o principal destino turístico da América Latina.
Só Samba - Quais são as metas para 2010?
Luiz Sales: Finalizar todo o planejamento visando a Copa do Mundo, abrir novas centrais de informação turística, melhorar a estrutura do turismo receptivo.
Só Samba: Quais são as expectativas para o crescimento do turismo em SP, por segmento?
Luiz Sales: Aumentar de 3% a 5% o número de turistas que visitam a cidade.
Só Samba: Qual o balanço que a SPTuris faz do Carnaval de 2010? Houve avanço em relação a 2009?
Luiz Sales: O Carnaval evolui a cada ano, não há dúvida. 2010, contudo, foi um ano por demais trabalhoso, por conta de problemas como a manutenção de duas entidades no Carnaval do Sambódromo (Liga e Super Liga), demora na assinatura do contrato de repasse (por conta na queda da arrecadação do município) e indefinições fundamentais para o concurso, como o caso dos jurados. Tivemos também fatos positivos como o aumento do público nas Bandas, o novo modelo de Carnaval do Pholia (no centro) e o Carnaval de bairro e Sambódromo (UESP) em que algumas escolas apresentaram bons destiles.
Só Samba - Quanto foi investido no Carnaval e quais os resultados obtidos? É possível detalhar?
Luiz Sales: O investimento da Prefeitura foi de R$ 22 milhões. O retorno financeiro, com atração de turistas está sendo finalizado. É importante também o retorno do investimento social, com a manutenção de quadras e postos de trabalho vinculados às escolas.
Só Samba - A conta do Carnaval 2010 está fechada ou há pendências?
Luis Sales: O fechamento total do Carnaval, incluindo prestação de contas nossa com a Prefeitura vai até junho pelo menos.
Só Samba - Há estudos para mudanças, ampliação ou reformulação do Carnaval? O Sambódromo será reformado?
Luiz Sales: O sambódromo, nos últimos cinco anos, veio a cada ano mudando um pouco e melhorando. Em 2010, por exemplo, tivemos o primeiro Carnaval com os fossos totalmente fechados, o que era um pedido antigo das escolas. E agora, com o pós-Fórmula Indy, teremos um trabalho a mais na pista, na passarela.
Só Samba - E a parte de acomodação do público, terá mudanças?
Luiz Sales: É fundamental que pelo menos o serviço de atendimento aos turistas mude. Não dá mais para as escolas e as entidades que desfilam no sambódromo continuarem tratando o público desta maneira, com dificuldades de venda de ingressos, pessoas idosas de baixo de sol na fila para comprar etc.
Só Samba - O projeto da Fábrica de Sonhos está em andamento?
Luiz Sales: Sim e esperamos que ainda no primeiro semestre de 2010 tenhamos o início das obras. A licitação está em fase de encerramento e quatro consórcios apresentaram propostas. É uma obra grande, e tomo até a liberdade de dizer que para as escolas é talvez mais importante que o próprio sambódromo.
Só Samba - É possível ampliar o fluxo de turismo para SP durante o Carnaval?
Luiz Sales: Sim, desde que seja tratado profissionalmente por seus principais atores, as escolas e as entidades. Exemplo: a F1 será em novembro de 2010 e, desde o começo de março, já estão á venda os pacotes turísticos e garantia de ingressos. No Carnaval as empresas de turismo têm muita dificuldade de vender o produto.
Só Samba - Quais as principais linhas de atuação da SPTuris em 2010?
Luiz Sales: Estruturar a cidade como ponto de recepção de turistas, melhorar a capacitação da mão de obra e iniciar o posicionamento de SP visando a Copa do Mundo de 14.
Só Samba - Qual a participação da SPTuris nos eventos da cidade, como Virada Cultural e outras festas?
Luiz Sales: Participamos de tudo, porém em cada evento temos uma função específica. Na Virada Cultural, por exemplo, fazemos as contratações de infraestrutura e organização do evento, enquanto que as contratações das atrações ficam por conta da Secretaria de Cultura. E assim sucessivamente. Estamos em tudo, fazendo uma média de 1200 eventos por ano. Vamos de visita do Papa a Carnaval com a mesma dedicação.
Quem é Luiz Sales - Luiz Sales (45) é diretor de Turismo e Entretenimento da São Paulo Turismo S/A. É formado em Jornalismo, com especialização em Jornalismo Econômico (FEA/USP) e MBA em Negócios da Comunicação pela Fundação Getúlio Vargas. Foi repórter, editor e diretor de diversas publicações, além de ter liderado a implantação do portal de comércio eletrônico de Turismo do Universo Online (UOL). Na São Paulo Turismo desde 2005, exerceu a função de Assessor de Projetos Estratégicos, vinculado à Presidência. É ainda autor dos livros sobre a história da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) e do Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Corporativas (Favecc), além de ser membro do Conselho de Administração do Museu do Futebol e do Conselho Consultivo do IAP – Instituto de Academias Profissionalizantes, do Núcleo de Turismo da Universidade de São Paulo - USP. Atualmente é também secretário-executivo do Comtur-SP (Conselho Municipal de Turismo de São Paulo).