14/01/2009
Tecnologia causa polêmica entre mestres de bateria
São Paulo, 14 de janeiro de 2009 - Será que vale tudo para não perder pontos na passarela do Samba? Os jovens mestres que estão modernizando as baterias de algumas escolas de samba do Rio estão confiando cada vez mais a batida de seus ritmistas à tecnologia.
O metrônomo, um aparelhinho que `marca' intervalos de tempo, tem sido um grande aliado dessa nova geração. Na opinião deles, a inovação pode garantir pontos importantes na Avenida.
"Com o metrônomo é possível detectar se a bateria está mantendo o mesmo andamento. Se não estivermos atentos, pode acontecer uma oscilação no tempo das batidas. Além disso, ele auxilia no canto", defende mestre Thiago Diogo, 27 anos, em seu primeiro carnaval no comando da bateria da Porto da Pedra, de São Gonçalo.
Para não perder pontos na Sapucaí, a variação do número de batidas por minuto tem que ser mínima. "A oscilação é bem pequena, eu considero 2 pontos o limite máximo. Uma variação maior pode prejudicar o desfile de toda a escola. Por isso, o metrônomo tem grande importância", explica Thiago, segundo o jornal O Dia.
Um dos primeiros a utilizar o metrônomo na Avenida foi Mestre Átila, do Império Serrano. Na opinião dele, é importante usar o aparelho para minimizar os erros. "No passado, não havia uma regularidade permanente na batida, alcançada com a ajuda do metrônomo. A queda de andamento da bateria atrapalha a evolução da escola e a interpretação do samba", afirma.
Embora receba muitos elogios, o metrônomo não é uma unanimidade. "Não uso aparelhos eletrônicos, sou impulsionado pelo meu coração e pelo ritmo. A tecnologia no samba atrapalha, porque a música deixa de ser emocional", opina Mestre Paulinho, da Beija-Flor.
O metrônomo recebeu críticas ainda mais contundentes de Mestre Ciça, da Viradouro. "Não uso, não gosto e acho que as inovações tiram a essência do samba. Não preciso de metrônomo, confio mais no meu ouvido. O samba é emoção", afirma.