•       sexta, 18 de abril de 2025
11/04/2008

Indústria de instrumentos aumenta exportação

São Paulo, 11 de Abril de 2008 - Os fabricantes de instrumentos musicais brasileiros estão adotando nova estratégia e passaram a beneficiar-se do fato de o Brasil ser o "País do carnaval" para impulsionar seus negócios. Produtores de peças de percussão, baterias e de acessórios musicais estão aproveitando o interesse dos estrangeiros pela cultura do Brasil - além da forte presença de comunidades de brasileiros no exterior - para crescer também com exportações. Reportagem publicada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", em 25 de março, assinada pela jornalista Marianna Aragão, informa sobre a nova estratégia dos fabricantes de instrumentos musicais brasileiros. Leia a reportagem: "A indústria se adaptou e conseguiu achar um lugar no mercado, principalmente em países da Europa e Japão, onde a cultura brasileira é cada vez mais conhecida e apreciada", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Instrumentos Musicais e de Áudio (Anafima), Anselmo Rampazzo. Segundo ele, esse espaço foi conquistado graças a investimentos em tecnologia, novos materiais e profissionais qualificados, já que os compradores europeus são mais exigentes. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) estima um crescimento médio de 20% no volume de negócios feitos no Exterior nos últimos anos. Desde 2005, a entidade mantém um programa de estímulo à exportação dos instrumentos musicais nacionais. Segundo o gestor do projeto, Bruno Amado, o resultado positivo ocorre porque as empresas brasileiras não competem por preço. "O País está tentando se posicionar entre os europeus e os chineses, com produtos de maior qualidade." O empresário Enrique Carlessi, da Luen Instrumentos Musicais, começou a exportar há quatro anos. Até então, sua empresa vendia apenas no Brasil. Com crescimento de 20% a cada ano, as exportações já são responsáveis por uma fatia de 10% das vendas totais. "O mercado externo não tem tanta sazonalidade quanto o doméstico. Além disso, lá fora eles prezam muito a qualidade, o que nos faz investir em novos produtos, design e material." Hoje, instrumentos como surdo, tantã, pandeiro e tamborim fabricados pela empresa de Cajamar (SP) estão na Espanha, Alemanha e Holanda. Os primeiros clientes, diz o empresário, foram grupos de brasileiros radicados nesses países. Depois, vieram contratos com empresas e distribuidores locais, de maior porte. Na fabricante de acessórios para microfones Sabra Som, atualmente 60% da produção é exportada para Japão, Alemanha e Portugal, entre outros países. A relação custo-benefício do produto brasileiro, segundo a proprietária Liza Winter, atrai os compradores estrangeiros. "Eles associam nossos instrumentos a algo de qualidade, diferente do que ocorre com o material feito na China", diz. Segundo Rampazzo, da Anafima, os instrumentos brasileiros são usados em carnavais de cidades como Tóquio e Frankfurt, além das festas típicas dos países. A cidade alemã sediou, há duas semanas, uma das maiores feiras do setor, a Musikmesse. Dez empresas brasileiras participaram do evento, com apoio da Apex. "A maioria das companhias do setor são pequenas e médias, e, com a feira, passaram a ter chance de fazer negócios também no exterior e se fortalecer", diz o presidente da associação. MERCADO INTERNO Enquanto aproveitam o boa receptividade de seus produtos lá fora, os fabricantes tentam conquistar mercado também no Brasil, onde o índice de crescimento das vendas é baixo. Uma das saídas para isso, diz Rampazzo, é instituir a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas brasileiras. "Na China, onde o ensino é obrigatório, a indústria de violino - um dos instrumentos mais populares naquele país - está cada vez mais desenvolvida", afirma.